A Falência da EFA

Estudar a falência da EFA é uma tarefa um tanto quanto complicada, pois como poderemos ver, não existia por parte da administração Álvaro de Menezes nenhuma escrituração. Todas as informações tiveram que ser tiradas de informativos da época principalmente da revista Brazil Ferro Carril que deu excelente cobertura ao caso.

A administração da EFA já imaginando o que deveria acontecer em breve iniciou negociações com o consórcio Brazil Railway para que esta adquirisse a EFA, a Douradense e a São Paulo-Goyaz.

Quem comandou pessoalmente tal negociação foi o Sr. Percival Farquhar conhecido na América do Sul por ser proprietário de quase todos os meios de transporte, companhias de gás, de eletricidade etc. Ele era proprietário também da famosa Estrada de Ferro Madeira- Mamoré

A própria revista cita o Sr. Percival como presidente do "syndicato internacional (?)..." (Brazil Ferro Carril nº 61 15.jan.1914)

Esta negociação não foi concluída pois em 5 de março de 1914 a EFA teve sua falência requerida por José Sampaio Moreira e estava neste momento com uma passivo de empréstimos internacionais de £ 1.500.000 e de 13.000 contos de obrigações no Brasil.

Como já citamos, as ligadas também tiveram sua falência requerida sendo que a Douradense foi requerida pela Casa Bancária Leônidas Moreira e que teve do síndico a fornecedora de material ferroviário Lidgerwood &Co. que administrou um passivo de 27.000 contos; a São Paulo-Goiaz com uma passivo de 15.000 contos também foi levada falência devido, como já dissemos, as ligações acionárias que tinha com as estradas supracitadas.

Em 1909 a EFA deu um lucro de 792:600$ por quilometro sendo que possuía em trafego 181 quilometros de extensão, porém a nova administração fazia a contabilidade de uma forma tão particular que todas as receitas e despesas eram contabilizadas numa conta "diversos"

Os liquidantes se referiam a este fato da seguinte forma: " A escrituração da sociedade o que há de mais sem método e irregular..." (relatório dos síndicos da massa falida). A empresa não apresentou qualquer relatório nos anos de 1910, 1911 e 1912 deixando os acionistas sem qualquer informação quanto ao andamento da sociedade.

No tocante a escrituração ocorreram as falhas anteriormente citadas, porém o mais grave havia sido feito pelo próprio presidente Sr. Álvaro de Menezes que falsificou datas nos livros, transferiu ações ilegalmente e sem qualquer autorização, lançou debêntures sem qualquer lastro e permitiu saques por conta de letras falsas que foram resgatadas pelo diretor Luiz Santos Dumont em dezembro de 1912.

Em 11 de fevereiro de 1914 o Sr. Álvaro de Menezes entrega a Presidência para o Conde Sylvio Penteado e vai para o Rio de Janeiro praticamente fugido e lá apesar de tudo, continuou a lançar letras da EFA que estava falida.

A entrada do Conde deu mais notoriedade ao caso pois a imprensa tinha serias suspeitas de que teria participado do caso, pois o guarda-livros da EFA que deveria ser o responsável pela escrituração (que não foi feita nem reclamada) era o Sr. Thomaz Prake que também trabalhava na Companhia Paulista de Aniagens que pertencia ao Conde. Apesar desta coincidência o Sr. Thomaz ainda foi convidado para fazer parte da comissão de sindicância.


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