O Caso "The São Paulo Northern Railroad CO."

Quando o Juiz da 2ª Vara comercial de São Paulo aceitou a proposta da "The São Paulo Northern Railroad Co." ficou-se sabendo que esta misteriosa empresa havia sido formada especialmente para participar da concorrência para compra da massa falida da EFA e que estranhamente tinha sua sede instalada na cidade de Wilmington no estado de Delawere — EUA e havia sido autorizada a funcionar no Brasil através do decreto federal nº 11.930 de 2 de fevereiro de 1916 ou seja após a abertura das propostas e alguns dias antes de lavrada a escritura de transferência dos bens da EFA.

Sua administração ficava na cidade de São Paulo e com a nova razão social pagou em junho de 1916 os cupons nº 1 de 5% aos acionistas através do Banco Commercial de São Paulo.

No campo técnico foi executado o empedramento da linha entre Araraquara e São José do Rio Preto (239 Km), foi solicitado estudo para o prolongamento da linha até Novo Horizonte.

Nesta época o Ministro da viação negou a solicitação de revalidação do requerimento de 1908 que concedia a EFA o direito de ir até Jataí no Estado de Goiás.

Porém a administração Deleuse tinha um lado pouco conhecido, pois tudo leva a crer que ele era somente um representante não oficial dos banqueiros L. Beherens & Scehe e não tinha o menor interesse em recuperar a ferrovia. O escritório inclusive foi transferido de São Paulo para a cidade de Niterói no Rio de Janeiro.

O abandono foi total e os esforços isolados de poucos administradores não foi suficiente para conter o crime que se estava cometendo

Neste aspecto temos a citação do Dr. Célio Debes na introdução da reedição da História da Viação Pública em São Paulo de Adolpho Augusto Pinto onde diz: "... seu acervo, posteriormente, foi adquirido pela São Paulo Northern Railroad Co., por intermédio do cidadão francês Paul Deleuse, em transação rumorosa. A curta administração de Deleuse arruinaria a ferrovia..."

Também a revista Engenharia de outubro de 1959 nos leva a refletir sobre a administração Deleuse quanto diz: Aquele francês Deleuse, que se tornou tão conhecido e foi um magnata considerado aventureiro genial, comprou-a, um dia, sem ter dinheiro. E conta-se que, para pagar a cisa da escritura, rapou tudo quanto havia disponível nas estações, para apurar numérico. Recursos não tinha para vivificar a estrada, em situação difícil. Durante anos explorou aquela aflitiva pobreza ferroviária."

Ouvia-se algumas vezes entre os antigos acionistas que insistiam em contestar a validade no negócio realizado, justamente o Sr. Luiz Teixeira Leite que propor uma ação de nulidade de venda perante Juiz Federal, uma outra ação perante a junta comercial de São Paulo pedindo a cassação da licença de funcionamento da São Paulo Northern Railroad Co., porém as duas ações foram julgadas improcedentes.

Também o Sr. Eugenio Grace Catta Preta entrou com uma ação para anular o decreto que havia autorizado o funcionamento da SPNR, porém não obteve resultado favorável.

O quadro da agonia era cada vez maior pois a pequena receita que ainda era gerada era transferida para Niterói. e assim o abandono da via e do material rodante eram visíveis e também os funcionários foram relegados ao total abandono sem qualquer tipo de assistência.

Este período também bastante nebuloso pois não havia qualquer tipo de escrituração registro de receitas e despesas etc. Informa-se que apenas eram tiradas folhas em duplicatas, remetidas em dias alternados para o "diligente aventureiro".

No final de 1918 o Sr. Paul Deleuse foi oficiado pelo Secretário da Agricultura para colocar a disposição do Estado todas as linhas com seu pessoal e material de transporte para ser administrada por pessoa do Estado. Também multou em 10:000$.

A situação levou os funcionários a uma greve que deixou a ferrovia sem qualquer movimento durante um mês inteiro (de 1º a 30 de outubro de 1919).

A greve levou a uma situação insustentável, porém, mesmo assim, a administração queria justificar a paralisação em função da greve e também aproveitou para solicitar uma elevação das tarifas o que foi negado inclusive por causa da sonegação de informações contábeis ao Estado e que haviam sido solicitadas por diversas vezes.


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