APRESENTAÇÃO

Este belo texto foi elaborado por José Antonio Penteado Vignoli, cujo bisavô - Dr. Gabriel Penteado - foi chefe do tráfego da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e designado para reorganizar a EFA quando da estatização em 1919.

Foram pesquisados relatórios e livros da época, nos escritórios da antiga Fepasa, quando ainda eram localizados na Barra Funda.

A publicação deste histórico foi devidamente autorizada pelo Sr. José Antonio Penteado Vignoli, ao qual publicamente agradecemos.

 


CHEGADA DOS TRILHOS EM ARARAQUARA

Após o término da Guerra do Paraguai em 1870 o governo Imperial viu a necessidade de se criar uma ferrovia que fosse um rápido meio de transporte ao centro do país e por conta deste anseio foi criada uma comissão chefiada pelo engenheiro Pimenta Bueno para realizar estudos para a construção de uma estrada de ferro ligando a cidade paulista de Rio Claro até Cuiabá no estado de Mato Grosso devendo passar por São Carlos e Araraquara.   

Este projeto jamais se tornou realidade e a razão a que se propunha o projeto foi realizado posteriormente com a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.

O fato de não ter se realizado o projeto inicial, levou os deputados Joaquim José de Abreu e J. A. Leite Moraes a apresentarem perante a Assembléia Provincial um projeto concedendo privilégio de zona e garantia de juros para a construção de uma ferrovia ligando Rio Claro a Araraquara.
Havia um problema que tinha passado desapercebido pois esta zona era de direito da Cia. Paulista de Estradas de Ferro que não desistiu do privilégio e mandou que se realizassem estudos sobre um traçado para prolongamento de suas linhas de bitola larga (1,60 m) até São Carlos passando pelo então chamado Morro Pelado.

Tais estudos foram discutidos pelos engenheiros Pimenta Bueno e Francisco Lobo então engenheiro chefe da Paulista que apresentou algumas modificações no projeto para que em 1879 o ministro da Agricultura do Império, Conselheiro Sinimbú, passe a autorização da construção para a jurisdição da Província de São Paulo que aceita contratar a Cia. Paulista para construir o trecho de Rio Claro até Araraquara. passando pelo Morro Pelado em vez de passar pelo Cuscuzeiro entroncando-se em São Carlos, porém, ministério Sinimbú caiu em 1880 sendo substituído pelo Gabinete Saraiva que atendeu os reclamos dos lavradores de Cuscuzeiro e também a interesses da Cia. Ituana que tinha também interesses por causa do prolongamento de Brotas até Jaú. Diante de tantas dificuldades a diretoria da Paulista decide desistir oficialmente do seu direito na construção da nova linha.

Em 4 de outubro de 1880, através do Decreto 7.828 foi dada a concessão para a construção da linha pelo traçado do Cuscuzeiro ao Sr. Benedito Silva e aos engenheiros Adolpho Pinto e Luiz Pinto que criaram assim a Estrada de Ferro de Rio Claro. Tais senhores conseguiram inclusive o privilégio para explorar urna zona de 31 quilômetros de cada lado inclusive no ramal de Jaú. Interessante notar que o governo não se importava mais com os reclamos da Cia. Ituana.

Tal traçado estava realmente no destino da Cia. Paulista pois em 26 de março de 1892 ela compra todas as ações da então The Rio Claro São Paulo Railway que possuía sua sede em Londres.

Os engenheiros que ganharam a concorrência posteriormente repassaram seus direitos para o Conde do Pinhal que foi pessoalmente em Araraquara oferecer aos cidadãos 600:000$000 (seiscentos mil contos) em ações da nova companhia para que fossem integralizadas na cidade com a promessa de que os trilhos iriam chegar a cidade num prazo de 6 meses.

O capital foi rapidamente arrecadado e a estrada efetivamente chegou em Araraquara em 18 de janeiro de 1885 sendo que o primeiro trem saiu de Rio Claro às 10:45 hs e chegou as 16:00 hs.

Este trecho era de bitola métrica com raio mínimo de curvas de 120 metros e rampas máximas de 2%.


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